sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O clima e a conta que ninguém paga

Elisabeth Rosenthal Do New York Times

Líderes mundiais que lutam para concluir um novo acordo climático em dezembro, na conferência mundial que será realizada em Copenhague, se deparam com um obstáculo talvez maior do que fazer com que grandes poluidores reduzam as suas emissões: como pagar a conta do novo acordo? Por ano, US$ 100 bilhões em investimentos Alguns economistas estimam que o preço de um novo acordo climático seja de assustadores US$ 100 bilhões anuais até 2020. Esse dinheiro seria necessário para ajudar a países em rápido desenvolvimento, como o Brasil e a China, a se converterem às tecnologias limpas, porém caras, enquanto crescem.


Também será preciso para que países mais pobres lidem com as consequências das mudanças climáticas, como aumento de enchentes e uma possível elevação do nível do mar.

Esse financiamento é uma parte essencial de qualquer acordo sobre o clima porque as nações em desenvolvimento devem conter suas emissões se o mundo pretende fazer o mesmo com o aumento das temperaturas. De acordo com os cálculos da Agência Internacional de Energia, entre 2005 e 2030, 75% das crescentes demandas de energia virão dos países emergentes.

Mas até agora, não existe uma estratégia concreta para levantar quantias tão elevadas.

- O nível de ambição do financiamento não está acompanhando o senso de urgência que todos temos sentido - afirma Luiz Alberto Figueiredo Machado, principal negociador climático do Brasil.

Talvez mais preocupante seja o fato de que o Fundo de Adaptação das Nações Unidas, que começou, oficialmente, em 2008, com o objetivo de ajudar os países pobres a combater os efeitos das mudanças climáticas, permanece uma concha vazia, principalmente porque as nações ricas falharam na promessa de investir dinheiro ali.

Fundo da ONU gerou menos recursos do que deveria O fundo hoje tem apenas US$ 18 milhões, uma pequena fração do que deveria recolher, de acordo com representantes do próprio órgão.

Segundo eles, o fracasso do fundo é uma ameaça a um novo acordo global sobre o clima.

- Qual a importância disso? É crítica - afirma o secretárioexecutivo das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, que acompanha as negociações para Copenhague.

O esvaziamento do Fundo da ONU, que seria um exemplo da cooperação internacional em torno das mudanças climáticas, é sintomático.

O fundo supostamente deveria ser alimentado por duas fontes.

A primeira seria um imposto de 2% dos créditos de carbono vendidos no mercado de carbono das Nações Unidas, através do qual nações ricas investem em projetos verdes no mundo em desenvolvimento para, assim, neutralizar as suas emissões caseiras. A segunda fonte seria a doação voluntária desses mesmos países desenvolvidos.

O imposto dos créditos de carbono deve gerar em torno de US$ 1,6 bilhão até 2012.

Mas segundo Yvo de Boer, as doações voluntárias ainda não se materializaram.

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