quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Clima: impasse sobre metas

Por Catarina Alencastro, Jailton de Carvalho e Wagner Gomes

MCT e Itamaraty temem que objetivo audacioso desacredite país


BRASÍLIA e SÃO PAULO. Itamaraty e Ministério da Ciência e Tecnologia voltaram ontem a se contrapor à proposta apresentada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de estabilizar as emissões de gás carbônico em 2020, com relação aos patamares de 2005.

Celso Amorim e Sérgio Rezende estão preocupados. Eles acreditam que, ao se comprometer internacionalmente com números tão fortes- uma redução de 40% nas emissões totais- o Brasil ficaria demasiadamente e desnecessariamente exposto. Caso não consiga cumprir tal meta, o país perderia a credibilidade.

Uma posição ambiciosa como a que defende o Ministério do Meio Ambiente não é esperada dos países em desenvolvimento.

Deles, o que se pede é que reduzam o crescimento das emissões. Embora os ministérios aparentemente tenham concordado com a proposta, como afirma Minc, ainda há um longo caminho até que esse ponto seja aceito por todos do governo. Hoje, todos voltam a se reunir para discutir o assunto na Casa Civil. A eles se juntam o Ministério da Agricultura e o de Minas e Energia.

Além de passar pelo crivo dos ministérios, os números do meio ambiente terão que ser revisados para atender a uma demanda da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que quer ver também contempladas expectativas de que o Brasil cresça 5% e 6% ao ano - e não 4%, como prevê o plano de Minc.

Números não podem ser muito dissonante Outro ponto de preocupação, exposto na reunião de ontem, foi quanto à posição do Brasil no G77, grupo de nações em desenvolvimento do qual o país faz parte. O Itamaraty teme que uma proposta muito acima da média cause desconforto. Para contornar o problema, o governo deve apresentar sua meta e trabalhar em uma a ser levada pelo G-77 também, algo menos arrojado.

Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que seria irresponsabilidade o Brasil se comprometer em zerar o desmatamento, como cobram ONGs. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), por sua vez, discordou de Dilma Rousseff. Segundo ele, a meta ambiental não é incompatível com o crescimento mais rápido da economia

Nenhum comentário:

Postar um comentário